sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Um dos maiores incêndios florestais de sempre no concelho de Torres Vedras

Torres Vedras assistiu no passado dia 3 a um dos maiores incêndios de sempre em povoamento florestal no concelho, com mais de 200 hectares ardidos num combate às chamas que envolveu um total de 170 bombeiros e 38 veículos, apoiados por um helicóptero.


O fogo deflagrou na localidade da Abrunheira, freguesia do Ramalhal, e rapidamente se propagou até à freguesia de Monte Redondo, atravessando a estrada nacional 115-2, que chegou a estar cortada ao trânsito por questões de segurança.

O incêndio teve três frentes ativas, Ermegeira-Abrunheira, Ramalhal e Monte Redondo, e chegou a avançar em direção à entrada desta última aldeia, onde consumiu a maior extensão de floresta.

Com o apoio de dois grupos de combate do distrito de Lisboa, os bombeiros torrienses acabaram por dominar as chamas ao fim de seis horas, permanecendo no local durante toda a noite e no dia seguinte, já em fase de rescaldo.

Segundo os “soldados da paz”, o incêndio começou na freguesia do Ramalhal às 14h59. “Demorámos 10 minutos a chegar e já o fogo tinha mais 500 metros de frente e muitas projeções. Vimos logo que era um incêndio fora do vulgar”, explica o comandante Fernando Barão.

As projeções foram uma das principais dificuldades dos bombeiros ao longo de todo o dia, assim como as temperatudas elevadas, numa área com cerca de três mil hectares de floresta, muito mato e eucaliptos com grandes copas.

Em pouco tempo o fogo atravessou a estrada nacional 115-2 em direção à freguesia de Monte Redondo. “Foi complicado, mas já tinhamos direcionado os meios para junto das casas”, recorda o comandante.

As chamas chegaram a estar a 20 metros de uma casa pertencente a uma quinta agrícola, numa exploração de pêra Rocha e eucaliptal. Telma Cunha era o rosto da aflição naquelas horas difíceis, em que viu o fogo chegar demasiado perto da casa onde reside e trabalha há cerca de oito anos com o marido e os dois filhos. O seu grande receio eram os animais e sobretudo o depósito de gasóleo. “É a primeira vez que vivemos uma situação destas”, confidenciava a senhora, cada vez mais assustada à medida que as chamas assumiam maior dimensão nas copas das árvores.


Valeu-lhe a prontidão dos bombeiros e o facto do terreno em volta da casa estar limpo, como confirmaram ao Badaladas os elementos do SEPNA da GNR. “O meu patrão todos os anos manda limpar o eucaliptal e ainda há pouco tempo houve um corte, já tinhamos tirado muita lenha“, de uma área de mais duma centena de hectares que pertencem à exploração, disse a moradora.

O proprietário esteve no local, visivelmente transtornado, e não quis falar à nossa reportagem. Só referiu que “já esperava por isto há três anos e foi agora”. Segundo apurámos, providenciou leite para os bombeiros e passou várias horas a percorrer o terreno de jipe, acompanhando de perto o desenrolar do incêndio e observando o avançar das chamas, já que pouco mais poderia fazer.

A coluna de fumo foi sempre muito intensa, o que dificultava o trabalho dos homens e sobretudo do helicóptero. “Foi muito difícil porque o helicóptero nem sequer conseguia ver o fogo”, explica Fernando Barão.

Entretanto, os bombeiros conseguiram dominar o incêndio às 22 horas, junto ao Casal das Figueiras, impedindo que se aproximasse da localidade do Sarge.

“Trabalhámos bem, muito bem mesmo”, salienta o comandante, que realça ainda o importante contributo da GNR e do seu destacamento de Trânsito, que montaram um dispositivo de segurança até às cinco horas da manhã, controlando os acessos ao trânsito e assegurando que os veículos de combate pudessem circular nas vias sem perigo de acidentes rodoviários.

Cerca de 40 bombeiros torrienses com seis viaturas permaneceram no local durante o resto da noite e no dia seguinte, em fase de rescaldo, contando com o apoio de máquinas da Câmara Municipal na consolidação do terreno.

Suspeitas de fogo posto sem detenções

Segundo os bombeiros, o incêndio que deflagrou na freguesia do Ramalhal às 14h59 no passado dia 3 teve início precisamente num local que já tinha ardido no dia anterior, o que fez aumentar as suspeitas das autoridades de eventual mão criminosa.

Durante a noite corria entre a população o rumor de que as autoridades já tinham detido dois suspeitos. No entanto, segundo apurámos junto das autoridades ocorreu uma detenção sim em Monte Redondo, mas de um automobilista que já estava referenciado por condução sem carta e que foi apanhado no local a conduzir.

Fonte: Badaladas

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