sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Tempo seco e mão criminosa fazem arder concelho

À excepção de 2003, os Bombeiros Voluntários de Torres Vedras atravessam o ano mais difícil de sempre, afirma Fernando Barão, comandante do corpo activo. De acordo com aquele responsável, a corporação soma aos dias de hoje 400 fogos, dos quais 100 são urbanos e 300 rurais e florestais.

Durante os meses de Julho, Agosto e Setembro a sirene quase não se fez ouvir já que a corporação foi dotada com um dispositivo de reforço da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), contando ainda com o apoio dos seus voluntários, mais disponíveis devido ao período de férias.

De Julho a Setembro registaram-se no concelho mais de 200 incêndios, no entanto ainda Outubro vai a meio e os bombeiros já contam quase uma centena deles só esta quinzena. Aos dias de hoje a corporação está a enfrentar uma média de 10 fogos por dia.

O comandante defende por isso que o reforço de meios deveria ter sido prolongado até ao final deste mês. “A fase Charlie terminou a 30 de Setembro e agora com a redução de efectivos qualquer fogo maior temos de tocar”, daí que a sirene se faça ouvir com mais frequência, explica o comandante.

Apesar do país estar a atravessar uma onda de calor inesperada, “há aqui muita mão criminosa, é fogo posto sem dúvida alguma”, afiança Fernando Barão, referindo-se sobretudo aos mais de 70 fogos que deflagraram de noite, com vários focos de incêndios espalhados numa mesma área. Foi por exemplo o que aconteceu no passado sábado na Ribeira de Matacães, à uma da manhã, com fogo largado em cinco lados, separados por poucos metros. “Quando é assim não temos dúvida que foi alguém que andou a largar o fogo”, afirma.

É certo que o tempo seco não ajuda, mas Fernando Barão fala também “num jogo de interesses que começa a aparecer do meio de Setembro para a frente” e que envolve a agricultura e a caça, sobretudo.

“As consequências estão à vista”, sublinha o comandante, que aguarda com expectativa a lei que criminalizará o fogo também em áreas de feno e mato. “Temos muito fogo nessas áreas e a alteração da legislação, que se prevê para este ano, provavelmente vai fazer com que as pessoas tenham mais cuidado”, e os descuidos continuam a estar também na origem de muitos incêndios. Os locais mais afectados pelo fogo até agora foram as freguesias de Dois Portos, São Pedro e Santiago (Figueiredo), Carvoeira, Turcifal, Ponte do Rol (Ribeira de Pedrulhos) e Matacães.

Os maiores incêndios deflagraram já este mês nos territórios de Matacães e Figueiredo. A Ribeira de Matacães foi atingida pelas chamas no passado dia 4, tendo totalizado uma área ardida de 15 hectares, seis de eucaliptos e nove de mato. Esteve no local um helicóptero de apoio. A mesma fatalidade aconteceu no Figueiredo, no passado dia 2, e no Furadouro em Setembro.

Entretanto, este fim de semana as chamas destruiram um pavilhão de pintos em Campelos, provocando a morte a 15 mil animais. A origem do fogo é desconhecida, “talvez um sobre-aquecimento”, segundo o comandante.

Fonte: Badaladas

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